01/04/2020 –
Mercado de trabalho: Robôs versus Humanos

Você já imaginou chegar em sua empresa para mais um dia normal de trabalho e ser informado que a sua função será realizada por um robô a partir de agora?

Se ainda não pensou nisso, talvez seja hora de refletir sobre essa possibilidade. Isso porque, além dos casos já conhecidos em que as máquinas substituíram profissionais com funções mais simples em linhas de montagem da indústria automotiva, pesquisas e estudos apontam que em diversas ocupações no Brasil, os trabalhadores formais poderão ser substituídos por robôs ou tecnologias parecidas nas próximas décadas.

Um desses estudos, realizado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e publicado em março 2019 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), intitulado “Na era das máquinas, o emprego é de quem? Estimação da probabilidade de automação de ocupações no Brasil”, analisou dados do mercado de trabalho nacional e apontou que cerca de 54% (cinquenta e quatro por cento) dos trabalhadores formais do Brasil correm o risco de serem substituídos por robôs ou programas de computador.

Isso significa dizer que, se todas as empresas optassem por substituir seus empregados por novas tecnologias disponíveis no mercado, aproximadamente 25 milhões de trabalhadores com carteira assinada estariam desempregados.

O estudo destaca ainda que entre as profissões que tem maior probabilidade de serem substituídas por robôs estão o leiloeiro, recepcionista de hotel, cobrador de transportes coletivos (exceto trem), gerente de almoxarifado, coletor de lixo domiciliar e carpinteiro de obras, enquanto que na lista das profissões com menor probabilidade de substituição encontram-se o engenheiro de telecomunicações, engenheiro de sistemas operacionais em computação, perito contábil, técnico de enfermagem, analista de suporte computacional, agente de ação social, artesão com material reciclável e psicanalista.

Em resumo, as profissões cujas atividades demandam maior processamento cerebral e necessitam de inteligência humana, tendem a ser menos vulneráveis à possibilidade de substituição por novas tecnologias como os robôs.

Os dados estatísticos apresentados nas diversas pesquisas sobre o tema assustam, mas o questionamento que se faz é: será que, de fato, o avanço tecnológico cada vez mais rápido pode fazer com que os seres humanos sejam substituídos por completo pelos robôs?

Responder a esse questionamento definitivamente não é uma tarefa simples, mas uma coisa é certa, o avanço tecnológico exige que os profissionais estejam cada vez mais qualificados, sobretudo, para lidar com a possibilidade de dividir funções com máquinas e robôs, de modo que uma das alternativas aos trabalhadores é reinventar-se a partir de suas habilidades com o propósito de manter-se inseridos no mercado de trabalho.

 

Halan Vera Cruz

Pesquisador do PlacaMãe.Org_. Advogado e Consultor especializado na área trabalhista empresarial. Pós-graduando em Direito Processual Civil e do Trabalho pela ESMATRA. Vice-Presidente da Comissão de Direito da Tecnologia da Informação da OAB/PE.

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