Todas as gerações de pais e mães sentiram dificuldades na educação de seus filhos. Entretanto, esta geração que educa em pleno século XXI parece enfrentar desafios ainda mais evidentes: educamos crianças e adolescentes muito diferentes daqueles que fomos; crianças e adolescente que estão plenamente conectados, tendo acesso a uma gama de informações muito distantes daquelas que tínhamos quando éramos como eles.
Esse choque de realidade dificulta, ainda mais, que nós adultos sejamos capazes de sentir empatia por nosso meninos e meninas e, com isso, as crises se potencializam ainda mais no seio de nossas famílias, contribuindo para que as relações fiquem conturbadas e difíceis.
Nesse contexto, não adianta alimentar o saudosismo, tampouco menosprezar as infâncias e adolescências vividas por nossos filhos e filhas. Precisamos entender que infância e adolescência são categorias históricas, sociais e culturais e que é impossível almejar que nossas crianças e jovens sejam como erámos.
Penso que a palavra para reestabelecer a ordem seja: conectar-se. Sim, acho que precisamos nos conectar. Deixa eu explicar melhor:
– Precisamos nos conectar ao mundo que nossos filhos, entendendo o que os fascina. Quem são os heróis desse mundo virtual que eles tanto admiram? Quem são seus ídolos?
– Precisamos nos conectar às suas formas de pensar, compreendendo que o mundo é sim globalizado e que não podemos mais ficar alimentando um mundo distanciado que não existe.
– Precisamos nos conectar aos seus quartos, entendendo que quando eles estão lá, “sozinhos” e de portas fechadas o mundo pode estar com ele, já que basta um clique para que todos os conhecimentos e perigos do mundo estejam ao seu alcance.
– Precisamos conectar os nossos filhos ao nosso mundo também, olhando-os nos olhos, fazendo as refeições juntos, perguntando como foram na escola, quem são seus amigos e o que gostam de fazer juntos.
É preciso navegar no interesse das crianças e jovens. É preciso reconhecer que eles e elas possuem interesses, vontades e desejos diferentes dos que nós tínhamos, pelo simples fato e que o mundo deles é diferente do nosso. Os filhos não são extensões de nossos desejos e vontades e reconhecer isso é um importante passo para uma convivência saudável no seio familiar.
Mas é preciso, também, reconhecer que, mesmo sendo diferentes de nós, eles continuam (talvez ainda mais) precisando do olhar atento de seus pais, a fim de que possamos orientar nossos pequenos diante dos desafios deste mundo que nem nós sabemos ainda como fazer, mas que precisamos encontrar caminhos que nos levem a uma vida mais segura, na internet e fora dela.
Catarina Gonçalves
Mãe de Tomaz, Théo e Thales, Pedagoga, Mestre e Doutora em Educação. É professora Adjunta da Universidade Federal de Pernambuco, onde tem pesquisado sobre Desenvolvimento humano, com foco no enfrentamento da violência escolar e na educação parental.
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