A popularização do uso da internet vem crescendo bastante nos últimos anos, trazendo vários pontos positivos para a sociedade atual. Com o uso das redes, é possível comunicar-se e receber informação de maneira rápida, como também interagir com outras pessoas mesmo que estejam do outro lado do mundo. Porém, também existem consequências negativas e preocupantes com relação a essa popularização. Dentre essas consequências, pode-se citar o cyberbullying.
O assunto é tão relevante e a popularização do uso da internet é tão real no Brasil que a lei nº 13.185/2015, que trata sobre bullying, trouxe em seu artigo 2º, parágrafo único, uma perspectiva com relação ao cyberbullying: “Há intimidação sistemática na rede mundial de computadores ( cyberbullying ), quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial.”
O cyberbullying, é considerado ainda mais perigoso do que o bullying presencial. Pois, com a falta de privacidade trazida pela Internet aliada ao uso, muitas vezes inconsequente, das redes sociais e o aumento da facilidade de interação entre pessoas, faz com que o cyberbullying possa afetar qualquer um que esteja online, não importando onde a vítima se encontra e qual o momento do dia, basta apenas um clique.
É importante ressaltar que como o cyberbullying, normalmente, é praticado de maneira extremamente pública, através de redes sociais como o Twitter ou Instagram, a vítima recebe uma exposição ainda maior do que no caso do bullying tradicional, aumentando ainda mais seus sentimentos de humilhação. Você já parou para pensar que no bullying virtual, os insultos podem chegar a milhares ou até milhões de pessoas?
Outro aspecto que merece destaque é que o cyberbullying é praticado de forma não-presencial, ou seja, online, sendo assim muito mais difícil fugir do problema, afinal está tudo lá… no mundo virtual, disponível para todos(as). Por isso, as consequências para a saúde mental dos indivíduos vítimas de cyberbullying são normalmente graves, trazendo consequências sérias como depressão, ansiedade, e em alguns casos, até suicídio.
O cyberbullying, assim como bullying envolve dois personagens “principais”: o agressor (o bully) e a vítima. No cyberbullying, o agressor tem muito mais “segurança” para praticar a agressão; com as redes sociais a possibilidade do bully se manter anônimo é grande. Por isso, praticar bullying se tornou ainda mais fácil com a internet, e de certo modo, muito mais difícil da vítima conseguir identificar o agressor, já que esse se protege por trás das telas.
É importante frisar que os bullies, tanto virtuais como presenciais, costumam escolher vítimas mais tímidas ou pessoas que não se enquadram no modelo imposto pela sociedade. Preconceito a respeito de religião, sexualidade e/ou raça também estão muito presentes no ato.
Existem vários indicativos que podem apontar que alguém próximo a você está sofrendo cyberbullying. É importante estar alerta para eles! Alguns são:
- mudança repentina de temperamento;
- alimentação comprometida;
- dificuldade de sono;
- falta de interesse repentino em hobbies que costumava gostar;
- mostrar-se triste ou nervoso durante ou depois de usar o celular e o computador (principalmente se perceber que a pessoa anda recebendo mais mensagens do que o normal);
- resistência de conversar sobre certos assuntos;
- baixo desempenho escolar, entre outros.
Não há como negar que o cyberbullying é uma realidade que atinge grande parte da população mundial. Aqui no Brasil, uma pesquisa recente da UNICEF (2019) apresenta que 37% dos jovens brasileiros afirmam ter sido vítimas de cyberbullying em algum momento de suas vidas.
Portanto, é importante estarmos atentos com os perigos relacionados com o cyberbullying, principalmente pensando nas crianças e nos adolescentes afetados por ele! O bullying e o cyberbullying causa danos relacionados à saúde mental das vítimas que estarão presentes na sua vida por, provavelmente, muito tempo. O primeiro passo é se informar sobre o assunto, para finalmente podermos combatê-lo de uma forma efetiva!
REFERÊNCIAS
BORTMAN, R. et al, “BULLYING E CYBERBULLYING: A relação com o suicídio na adolescência e suas implicações penais”, Congresso Internacional do Direito da Saúde, OAB SP, 2018.
CONTE, C.P., “Aspectos Jurídicos do Cyberbullying”, FMU Direito Revista Eletrônica, 2010.
Maryville University, “What Is Cyberbullying? An Overview For Students, Parents and Teachers”. Disponível em <https://online.maryville.edu/blog/what-is-cyberbullying-an-overview-for-students-parents-and-teachers/>
HelpGuide, “Bullying and Cyberbullying”, 2020. Disponível em: <www.helpguide.org/articles/abuse/bullying-and-cyberbullying.htm>
UNICEF Brasil, “Mais de um Terço de Jovens em 30 países Relatam ser Vítmas de Bullying Online”, 2019. Disponível em <www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/mais-de-um-terco-dos-jovens-em-30-paises-relatam-ser-vitimas-bullying-online>.
Renata de Medeiros Maciel
Estudante do curso de Bacharelado em Direito na Universidade Católica de Pernambuco. Atualmente realizando pesquisa voluntária sobre cyberbullying e privacidade digital pela PlacaMãe.Org_.
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