11/12/2019 – Educação
A cibercultura escravizou o ser humano?

“Isto é muito Black Mirror”……

depois do sucesso da mencionada série disponível no streaming da Netflix, esta frase passou a ter significado quando nos deparamos com situações envolvendo aplicativos, internet e inovações tecnológicas em geral, que fogem da compreensão que temos, ou tínhamos, dos limites desta nossa relação com o desenvolvimento tecnológico.

A série, por meio de episódios fictícios, aborda uma série de questões humanas relacionando-as com diversas tecnologias em desenvolvimento (ou já desenvolvidas mas ainda não tão difundidas), criando cenários algumas vezes tanto pessimistas quanto à submissão do ser humano perante as inovações por ele mesmo criadas. Daí surge a provocação que dá nome ao texto, “nos tornamos escravos das tecnologias da informação que caracteriza a cibercultura?”, ou, em outros termos, os padrões culturais que vêm surgindo com o amadurecimento das inovações tecnológicas que caracterizam a sociedade da informação são inevitáveis e terminam por nos viciar?

Responder esta pergunta é tarefa bastante difícil, pois não há exatamente resposta certa para tal. Tudo vai depender de contextos e de variáveis pessoais. Uma pessoa que segue um padrão médio de vida, numa circunstância social também média, haverá de ter criado uma série de “vícios”, como o de analisar as redes sociais para obter informações e para ver como amigos e amigas reagiram às suas postagens pessoais. Hoje em dia deve ter diminuído consideravelmente a quantidade de ligações telefônicas realizadas entre as pessoas, considerando as facilidades que aplicativos de conversa nos trazem. A quantidade de pessoas que andam pela cidade para realizar suas atividades também deve ter diminuído, uma vez que há aplicativos que facilitam bastante a obtenção de caronas e de transporte individual. Diante disto, haveremos de voltar atrás e não mais utilizar tais tecnologias? Acho que dificilmente isto virá ocorrer.

O acesso às tecnologias tende e se tornar mais acessível, tanto no sentido dos meios quanto dos preços. E as facilidades tendem a ser cada vez mais sedutoras. Ou seja, nosso contato com as tecnologias e com as facilidades que elas trazem tendem a ser cada vez maior, concretizando algumas “previsões” apresentadas pelo Black Mirror. Mas…..é necessário que sejam preservadas algumas práticas “nuas”, que talvez sejam essencialmente humanas, no sentido de despidas de usos de tecnologias da informação.

É necessário que não esqueçamos o quanto é bom conversar numa mesa com amigos e pessoas queridas. O quanto é bom escrever com as mãos algo que estamos sentindo.

Que não enxerguemos os fenômenos naturais apenas por meio de telas, vamos lá e fisicamente tomar um banho de mar, um banho de cachoeira, ou um simples banho de chuva. Não permitamos que aplicativos escolham nossos caminhos ou escolhas pessoais, nos arrisquemos!

Vamos sentir os ventos das mudanças tecnológicas e usufruir deles, mas sem abrir mão de sentir o vento no próprio rosto, pois se chegarmos a este ponto, sim, nos tornaremos escravos das maravilhas ciberculturais que desenvolvemos.

É e sempre será uma bandeira PlacaMãe.Org_!

 

Alexandre Saldanha

CCO - Diretor de conteúdo do PlacaMãe.Org. Doutor em Direito pela UFPE com ênfase em direitos autorais, culturais e cibercultura. Mestre em Direito pela UFPE. Professor do curso de Direito da Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP e da Universidade de Pernambuco - UPE.

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